Laís Merlin Cintra
Atualizado: 11 de Fevereiro de 2022Lais Merlin Cintra é Fisioterapeuta pela Universidade Estadual do Norte do Paraná.
Especializada em Osteopatia e Terapia Manual pelo Instituto Docusse de Osteopatia de Terapia Manual, Posturologia, Kinesiotapping, Runfit e Pilates. Socia-proprietária da “Acquafisio”, na cidade de Conchas/SP. Tenista amadora por paixão. Para mais informações: @acqua_fisio e @laismcintra |
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04- Dupla falta x Dor no Ombro
“Estou muito feliz agora, mas sobretudo estou feliz porque fiz apenas dez duplas faltas” – Aryana Sabalenka
Olá Tenista, tudo bem? Se você é aquele jogador que, assim como a Sabalenka, comete 21 duplas faltas no jogo, mas põe a culpa na dor no ombro... seus problemas acabaram! Não vou lhe oferecer um ombro novo Tabajara (nascidos antes de 2000 entenderão) mas hoje vamos conversar um pouco sobre sua anatomia, dor durante a pratica esportiva e como preveni-las.
O saque, por ser um movimento mais complexo e por ter que elevar o braço acima da altura do ombro, pode ser o fundamento mais susceptível a lesões. Anatomicamente, movimentos acima da cabeça, diminuem a vascularização dos tendões do ombro e bursa, depende do bom funcionamento de demais estruturas como escápula e clavícula, pode sofrer com tensões geradas em músculos na região da axila e borda lateral da escápula, do grande dorsal originado na pelve (uma pelve bloqueada pode influenciar na dor do ombro) e a própria explosão do movimento sem a devida desaceleração no final, são fatores que podem ser possíveis causas dessa dor no ombro.
Um desequilíbrio entre a musculatura rotadora do ombro está entre as principais causas. Cerca de 80% das pessoas possuem os rotadores internos mais desenvolvidos que os rotadores externos (manguito rotador), quando na verdade, o correto seria o inverso.
Para a articulação do ombro não sofrer com a sobrecarga dos movimentos e você conseguir aquele lindo saque kick que quase loba o adversário (rs) ou aquele tiro de canhão no saque flat, é muito válido incluir o fortalecimento da musculatura do manguito rotador, costas, trapézio... trabalhar também a flexibilidade (alongamentos), realizar os movimentos dos golpes com a raquete sem bolinha para preparar os músculos para o aquecimento com bola, tomar cuidado com os excessos (sua musculatura precisa de descanso para se recuperar) e perceber os sinais que o corpo da, dor “normal” e aceitável é aquela que dura até no máximo 72h (3 dias) após o jogo, se ela persistir após esse período, procure pela ajuda de um profissional da área.
Bom jogo! -
03- Músculo Glúteo Médio x Movimentação na Quadra
“Sempre treinei no nível mais alto, na intensidade máxima, e isso me faz sentir mais preparado nos momentos de maior dificuldade dos jogos” – Rafael Nadal
Olá Tenista, tudo bem? Saber movimentar-se pela quadra com rapidez pode ser mais determinante em uma partida do que possuir bons golpes, ou vai dizer que você nunca perdeu para aquele amigo que mal sabe pegar na raquete, mas corre mais que marido quando lembra que esqueceu o celular em casa? A forma como um jogador se movimenta na quadra determina seu sucesso, seja amador ou profissional. Como sabemos, todos os golpes são influenciados pelo jogo das pernas (foot work) e as articulações do joelho, quadril e lombar sofrem com esses estresses, deslocamento de um lado para o outro, a arrancada do fundo para a rede, a inversão rápida numa bola no contrapé e aquela bela deslizada na quadra do tenista patinador.
Porém, como nossa anatomia é perfeita, temos um músculo estabilizador lateral da pelve que é ativado nessas situações: o Glúteo Médio. Ele tem sua origem na pelve (ilíaco) e insere no fêmur. Sua função principal é estabilizar a pelve durante o apoio em um dos pés. Quando esse músculo está fraco, há um desabamento da pelve do lado oposto ao pé que está de apoio, seria aquela pessoa que tem um rebolado exagerado ao andar (suspeito.. rs).
A falta dessa estabilização juntamente com os deslocamentos e movimentos específicos do jogo, favorecem a formação de lesões no quadril, lombar ou joelho. Lembre-se de incluir o glúteo médio e seu grupo de estabilizadores no seu preparo físico, seja na academia, pilates, treino funcional ou até mesmo em drills durante as aulas.
Lembrando que além dos exercícios de força e resistência, deve-se trabalhar também a mobilidade e flexibilidade dessas articulações juntamente com a dos tornozelos.
Bom jogo! -
02- Epicondilite Lateral
O famoso ‘cotovelo de tenista’, todas as possíveis causas...
“Sobre a lesão: encontre-a, corrija-a e deixe o corpo agir” – A. T. Still
Olá Tenista, tudo bem? Hoje vamos abordar esse assunto corriqueiro entre praticantes de esportes com raquete. Também chamado de epicondilite lateral, essa lesão trata-se de uma inflamação nos tendões que estão inseridos no epicôndilo do úmero e no radio (cotovelo). Esses tendões servem de alavanca para os músculos que estendem o punho, mas, porque é tão comum a epicondilite nos esportes com raquete???
Diversas são as possíveis causas, uma vez que, cada corpo é um corpo, mas a seguir vamos as causas mais comuns:
- Backhand de uma mão com o movimento errado: aqueles famosos “fatiadores” ou “salaminhos” que só ficam cortando a bola, ou aquele que tem movimentos com o braço curto, ou os que batem com o movimento limitado (quando não termina acima do ombro) ou aqueles que corrigem a batida usando muito do punho. São erros que sobrecarregam a musculatura extensora do punho e, com o tempo, esse estresse excessivo começa a causar micro rupturas nas fibras do tendão e, com isso, vem a famosa inflamação, dor no movimento e na palpação.
A cotoveleira é muito utilizada nesses casos, ela ajuda a dissipar o excesso de força e sobrecarga naquele ponto, porém, a lesão ainda continua ali.
- Raquete: seguindo o mesmo raciocínio da sobrecarga e estresse, fique atendo a espessura do cabo pois, um grip mais fino ou grosso, fará com que a empunhe a raquete com mais força. As cordas e vibrações também podem ser “vilões” neste caso. O material que a corda é feita diz se ela vai vibrar muito ou não, filamentos de qualidade dão mais conforto, porém são mais caros!
De nada vai adiantar sair querendo dar o saque mais rápido da sua vida na primeira bola. Vá com calma!
- Corpo em desarmonia: todos os nervos que inervam essa região do cotovelo partem da coluna, mais precisamente, do pescoço. Estes nervos percorrem um caminho cheio de “obstáculos” até chegar no cotovelo. Nestes lugares, pode haver uma compressão do nervo e gerar os sintomas da epicondilite.
Logo na saída da coluna, no nível C5-C6 e C7-T1, este nervo pode sofrer uma compressão por um desalinhamento da vértebra ou por alguma alteração de disco (abaulamento/protusão/hérnia). Seguindo o trajeto do nervo, ele pode sofrer compressões entre os músculos do pescoço, entre a clavícula e 1ª costela, no músculo peitoral ou alguma alteração óssea no próprio cotovelo.
Lembre-se, um tratamento adequado, o preparo físico e uma boa alimentação são essenciais para um corpo apto para dar o máximo nas quadras, e o melhor de tudo: sem lesão.
Bom jogo! -
01- Introdução
“A confiança existe, o jogo está lá, mas, fisicamente, você não pode lutar contra a natureza às vezes.” - Novak Djokovic
Olá Tenista! Tudo bem? Sou a Lais, fisioterapeuta e amante de tênis. Aqui vou abordar diversos assuntos relacionados a biomecânica do esporte, corpo, saúde e bem estar. Imagino que, como bom tenista, você não consegue ficar longe das quadras, certo?! Para estar sempre bem, para dar aquela arrancada e pegar uma bola curta, ou com o ombro 100% pra fazer aquele winner, ou então o cotovelo sem nenhuma dor durante o saque e as costas firme para carregar sua dupla quando ela não está num dia bom... lembre-se que o preparo físico e o corpo em equilíbrio são fundamentais para evitar a ocorrência de lesões.
Agora, se você é aquele tenista já lesionado, que põe a culpa na dor quando erra (rs), procure por um profissional da área. Nosso corpo é uma máquina, e como toda máquina, precisa de uma revisão. Acompanhe a página da liga e fique bem informado sobre tênis, suas lesões e como preveni-las.
Bom jogo! Play...