.: LRT - Temporada 2024 - LRT :.

Daniel Rosenbaum


Atualizado: 01 de Agosto de 2024
Daniel L. Rosenbaum - Professor de Tênis
É treinador de tênis Nível 2 da ITF, formado na Escola de Treinadores do Instituto Wingate de Educação Física e Esporte em Israel, graduado e licenciado na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de São Paulo.
Durante longa e bem-sucedida carreira, tem contribuído significativamente com a indústria do tênis fazendo esforços eficazes para desenvolver e aprimorar jogadores, treinadores, clubes, academias, associações e federações de tênis.
Desde 1982 tem ensinado e treinado jogadores de todos os níveis, promovendo o jogo e a participação esportiva, planificando e implementando programas de ensino e treinamento para crianças, jovens e adultos iniciantes, jogadores em desenvolvimento, juvenis e profissionais.
Como participante, palestrante e produtor tem participado de inúmeros cursos, conferências e workshops de tênis nacionais e internacionais; organizou e conduziu mais de trezentos cursos de capacitação, sendo responsável por milhares de certificações.
Entre muitas atividades, fundou e coordenou o Departamento de Capacitação de Professores da Confederaação Brasileira de Tênis, dirigiu o Programa de Formação de Jogadores da Associação de Centros de Tênis e Educação de Israel e coordenou projetos de desenvolvimento na Federação Paulista de Tênis.
Por muitos anos ensinou em um SPA Médico pacientes em risco utillizando o tênis como uma importante ferramenta adicional para combater o estilo de vida sedentário, diminuir a obesidade e melhorar o equilíbrio emocional.
Atualmente oferece cursos de Capacitação de Professores de Tênis no Brasil e no exterior, onde os participantes recebem programas de ensino e treinamento planificados, prontos para serem instalados e utilizados como guia para planejar o desenvolvimento a longo prazo dos jogadores.

  • 01- Jogadores avançados, Jogadores em formação e o Treinamento da Técnica

    Os jogadores avançados adquirem a maior experiência de jogo e possuem a melhor preparação técnica.

    De forma inevitável e inversa, quanto mais jogam mais a técnica sofre desgaste e se deforma.

    Durante os jogos, apesar de manter tendências frequentes, se encontram constantemente em diferentes situações de jogo e posicionamentos em quadra.

    Além de enfrentar situações tensas e comprometedoras, procuram se controlar reciprocamente e colocar um ao outro em condições incômodas para rebater a bola. Para eles é difícil rebater "corretamente" e com conforto.

    Os golpes que decidem executar são circunstanciais, situacionais, intencionais e decisivos - ora de ataque, ora de defesa, ora emergenciais - variados e eventualmente improvisados.

    É importante possuir:
    • Conhecimento tático para planejar e disciplina para executar as jogadas estrategicamente.
    • Uma base técnica ampla e versátil que permita realizar os devidos ajustes e as adaptações oportunas.
    • Destreza e “boas mãos” para poder manobrar e "fazer o que se quer com a bola” em todas as situações.

    As constantes prolongadas participações em torneios não só desgastam e deformam a técnica mas impedem os jogadores de treinar e aperfeiçoar a execução correta dos golpes. Durante as competições o foco é vencer os adversários e não se costuma desviar a atenção e treinar a técnica. Não ha tempo, condições nem energia disponível.

    Para poder se concentrar nos aspectos técnicos os jogadores escolhem estrategicamente alguns períodos durante o ano. Após um período de descanso ou transição, se preparam para a próxima etapa de torneios e nos períodos de preparação geral se dedicam exclusivamente a reformatar a técnica básica e deixar os golpes em ordem. Para isto se utilizam de treinos longos de baixa intensidade - aeróbicos - muitas vezes à base de lançamentos do cesto do treinador, nos quais retomam o contato com a bola, a regularidade, a precisão e a própria execução correta dos movimentos. Quanto mais simples for a técnica do jogador, mais fácil será retomá-la em menos tempo. Fazer a revisão mecânica periodicamente para realinhar os golpes e limpar a técnica é parte fundamental da preparação. Os jogadores precisam manter a técnica em dia.

    Portanto, ao longo do ano, em poucos períodos isolados e relativamente curtos, os jogadores treinam muito os aspectos exclusivamente técnicos lançando mão inclusive de métodos fechados de treinamento. Como estão longe das competições o treino pode ser distante da realidade do jogo.

    Treinam basicamente a técnica básica, aquela que servirá de base para os golpes avançados, intencionais, de uso tático, preferencialmente agressivos, potentes, acelerados e que se formatam diferentemente (deformam) em função de cada decisão - situação de jogo.

    A caminho da competição o treinamento se modifica convenientemente se assemelhando especificamente ao jogo. A técnica se ajusta gradativamente às necessidades táticas dos torneios que serão disputados, aos padrões de jogo que serão utilizados e aos adversários que serão enfrentados de acordo com o ambiente.

    Os treinos táticos e os próprios jogos, ao repetir sistematicamente as mesmas jogadas terminam colocando os jogadores mais vezes em mesmas situações condicionando tendências técnicas especificas de movimentação e golpeio. Os intervalos de treino são mais intensos e curtos com descansos relativos - anaeróbicos - semelhantes aos pontos que serão jogados. Ritmo de jogo, resistência especifica, aspectos táticos e ajustes técnicos passam a ser prioritários. Se treina jogando e fica mais emocionante.

    rogerio50


    A técnica avançada derivada da técnica básica, executada em situações desfavoráveis com a intenção de desfavorecer o adversário termina deformando a própria base técnica da qual se origina.

    Apesar de tudo, durante os períodos competitivos sempre é possível encontrar momentos oportunos para recolocar os golpes no lugar. O aquecimento dos treinos, apesar de ser mais curto, por ser inicialmente suave e aeróbico, pode cumprir com seu papel técnico. Durante os jogos sempre é possível encontrar um momento para relembrar uma técnica satisfatória ao lançar a bola para o adversário no final de um ponto ou quando a bola é fora e se aproveita a oportunidade para rebater sem pressão. Após os jogos, se recomenda recuperar com um bate bola descontraído para relaxar, estender os golpes, reencontrar o formato e boas sensações.

    Em todo caso, se espera que um jogador avançado saiba executar corretamente todos os golpes, conviver com os altos e baixos da técnica e reconhecer a oportunidade para treina-la.

    Que exemplos dos jogadores avançados se deve transferir para os jogadores em formação?
    • Se os jogadores avançados jogam muito e treinam a técnica comparativamente pouco, os jogadores em formação também deveriam jogar muito para aprender a jogar e a gostar de jogar e treinar a técnica de forma complementar para melhorar o nível de jogo.
    • Se os jogadores avançados treinam devagar a técnica básica para reformar os golpes que se perdem ao jogar, os jogadores em formação deveriam utilizar os modelos educativos da técnica básica para aprender devagar a rebater corretamente.
    • Se os jogadores avançados estão permanentemente modificando e aperfeiçoando a técnica, apesar das dificuldades de fazê-lo em função dos compromissos competitivos, os jogadores em formação deveriam entender que a técnica que se adquire não é definitiva e sempre poderá ser modificada para melhor.
    • Se os jogadores avançados quando jogam estão concentrados em jogar para ganhar, os jogadores em formação deveriam jogar para aprender a ganhar e verificar aquilo que fazem com a bola para prejudicar seus adversários em vez de se preocupar com a técnica dos golpes que executam.
    • Se os jogadores avançados quando jogam estão constantemente tomando decisões para rebater, os jogadores iniciantes deveriam praticar mais com métodos abertos de treinamento para desenvolver suas habilidades (técnicas) abertas e aprender a executar os golpes em base a decisões. Isto é, aprender a decidir para executar os golpes. Portanto a abordagem tática predomina, precede e justifica a orientação técnica.
    • Para desenvolver as habilidades abertas e facilitar a tomada de decisões os jogadores avaliam a trajetória intencional de seus próprios golpes, percebem a situação em que colocam seus adversários deduzindo e no melhor dos casos induzindo como estes rebaterão para se preparar e decidir antecipadamente com que golpes reagirão. Jogadores iniciantes aprendem a interligar os golpes e a perceber que a projeção de um determina a projeção do outro e assim se preparam para reagir sucessivamente…

    Diferença entre os jogadores em formação e os jogadores avançados

    Durante os períodos de formação é importante priorizar: o desenvolvimento técnico e tático é mais importante que os resultados competitivos. As competições cumprem seu papel de promover experiências, complementar e avaliar o treinamento. Se compete para aprender a competir, e se aprende a treinar ao competir.

    rogerio50


    Quando o jogador atinge o nível avançado o treinamento complementa a competição. Se compete para ganhar e se treina para competir da melhor e na melhor forma possível. Quando se joga, é possível treinar em alguns momentos esporádicos: quando um é jogo fácil e quando a contagem permite.

    • Se vemos (quando vemos) que os jogadores avançados eventualmente treinam muito a técnica com lançamentos do cesto em determinados momentos, não significa que os jogadores em formação devem fazê-lo sempre, inclusive em vez de jogar.
    • As técnicas avançadas e individuais que os jogadores executam durante os jogos não são aquelas que servirão de modelo educativo para que os jogadores em formação aprendam a rebater.
    • Os "golpes do livro" que são ensinados são ferramentas para alavancar uma bola com precisão e profundidade do fundo da quadra. Os golpes avançados são ferramentas agressivas para girar e acelerar a bola ainda mais.
    • Jogadores iniciantes começam suas experiencias jogando de perto, tocando e controlando a bola com golpes inofensivos. À medida que se distanciam da rede a trajetória dos golpes se amplia, para trás e para frente, para prolongar a trajetória da bola. Seguindo a progressão, no começo desenvolvem o tato com a bola para depois ampliar e por último acelerar o contato com a bola.

    Progressão:
    • Jogadores iniciantes desenvolvem primeiro o toque e a sensibilidade.
    • Jogam de perto com golpes curtos, presos e lentos - seguros. É o suficiente para controlar a bola. Aos poucos ganham confiança e se afastam. Quando jogam de mais longe os golpes se modificam e se prolongam para alavancar a bola com mais força, mais altura e profundidade - mantendo o controle e a precisão.
    • Jogadores avançados jogam de longe com golpes longos, soltos e rápidos - arriscados. Rebater com golpes relaxados é também uma forma de descontrair e lidar com a pressão do jogo.
    • Jogadores iniciantes precisam aprender a mover a raquete. Utilizam raquetes mais leves, largas e com mais peso no centro. Bolas mais leves e fáceis de controlar também.
    • Jogadores avançados deixam que a raquete (com as cordas) se mova sozinha e faça o trabalho. Utilizam raquetes mais pesadas, finas e com mais peso no aro. A bola é mais pesada e "anda mais”.
    • Jogadores iniciantes aprendem a mover seu corpo e a coordenar os movimentos.
    • Jogadores avançados se movimentam naturalmente com movimentos coordenados.

    Assuntos polêmicos DENTRO OU FORA?

    • Para jogar tênis precisa precisa ter boa técnica. (FORA)
    A maioria dos jogadores do planeta não têm aulas de tênis e jogam com técnica questionável. Não serão grandes jogadores. Preferem jogar a aprender, se divertir a se aperfeiçoar.
    Inclusive, a industria também desenvolve raquetes e bolas para quem não sabe jogar e não tem boa técnica.
    É comum ver que os jogadores que se empenham em ter boa técnica perdem para os jogadores que jogam “feio” e não se convencem de como isto pode acontecer.
    Aprender a técnica de execução dos movimentos não é divertido nem ensina a jogar. Ao contrário.
    Priorizar a técnica e o perfeccionismo excessivo substitui o gosto pelo jogo, ilude e restringe.
    Porém, jogar com limitações e possíveis lesões termina sendo limitante, frustrante e desencorajador.
    Somente jogar assim como somente aprender os golpes não e suficiente para jogar bem. Primeiro aprender a controlar a bola - também é técnica - e jogar - também é tática. É mais divertido.

    • Alunos que aprendem os golpes "corretos” em vez de aprender a jogar, futuramente ganharão daqueles que jogam e são limitados tecnicamente. (FORA)
    Alunos que somente aprendem os golpes e não desenvolvem a sensibilidade e o controle de bola costumam perder para aqueles que não têm aula e somente jogam. Aprendem a perder e a acreditar que a técnica é a razão de tudo. Não gostam de perder, têm medo de jogar e desistem. É melhor desenvolver jogadores que aprendem a jogar e melhoram a técnica como parte do jogo do que ensinar alunos a rebater mas que nunca jogam nem ganham.

    • Os jogadores iniciantes que jogam com técnica precária e limitada viciam e não poderão melhorar. (FORA)
    Ao contrário, ficam mais viciados e limitados se aprendem os golpes imitando a técnica dos jogadores avançados. Não desenvolvem o toque, a sensibilidade e o controle de bola. Não conseguem trocar bolas com controle e responsabilidade porque aprendem com métodos fechados. Tem poucas ferramentas e nenhuma versatilidade para solucionar os problemas do jogo. Praticamente não jogam de tanto que priorizam a técnica. Sao ensinados a imitar modelos avançados sem ter conhecido e dominado previamente os modelos básicos. São ensinados a dominar movimentos complexos que não precisam e para os quais não estão preparados sem antes desenvolver uma base coordenativa geral que inclui aprender a dominar a bola e a controlar sua trajetória.
    É incongruente, ingênuo e incerto pretender transferir os modelos dos golpes avançados para os jogadores em formação. Discrepante de qualquer noção pedagógica e principio didático, torna o ensino corretivo, reduzido, parcial, ineficaz e entediante para professores e alunos. (MUITO FORA)


    rogerio50

    • A técnica "do jogo" é diferente da técnica "do treino". (FORA)
    Neste caso o treino não seria especificamente adequado. De fato, o treino deveria mudar, estimular, promover e desenvolver outra técnica. A técnica do jogo corresponde a uma intenção tática muito mais que a um formato de execução. Os jogadores em formação devem praticar em situações abertas para aprender o jogo e perceber a importância de controlar a bola e de aprender a técnica básica, ampla e versátil. Quando se aprende e se treina a técnica básica - lenta, longa, neutra e sem intenção - aparentemente não se esta executando a técnica de jogo - rápida, agressiva, variada e de uso tático intencional. Porém, se está construindo uma estrutura sólida que se esconde de forma imperceptível sustentando os golpes que são executados ao jogar.
    Existem momentos em que se treina a técnica básica estrutural e momentos em que se treina a técnica intencional. Ambas são importantes e se complementam. A básica vem primeiro, basicamente.

    • Para jogar tênis bem precisa de boa técnica também. (DENTRO)
    Não é imediato e tem seu preço. Poucos adquirem boa técnica e podem ser jogadores avançados.
    Se familiarizar com a raquete e a bola, controlar a bola com raquete, controlar a (angulação da) cabeça da raquete e a intensidade muscular, olhar para a bola, tocar e sentir a bola com o centro das cordas, inspirar e expirar, orientar as diferentes trajetórias de bola, rebater com diferentes efeitos, empunhaduras, amplitudes e velocidades de movimento, rebater de diferentes locais em diferentes situações, bolas fáceis e difíceis, tendo que decidir o que e como fazer seguindo um plano de jogo.
    Valendo, muitas vezes nervoso, temeroso, irritado, chateado, desesperado, desmotivado, desconcentrado, desorientado, envergonhado e cansado, enfrentando um adversário que também que ganhar.
    Tendo que manter a calma, a concentração, o ânimo e a força de vontade, a autoestima, o otimismo, a valentia e a vontade de vencer. Tudo isto é técnica: todos os diversos golpes que o jogador executa em todas as situações adversas em que se encontra.
    Executá-los corretamente também, se possível de preferência.
    Segurar a raquete corretamente, executar movimentos corretamente, encontrar a bola no ponto de contato na frente do corpo corretamente e levar o peso para a frente é uma visão muito limitada da técnica.

    Lições:
    • A técnica no tênis é muito mais que executar movimentos “corretos". Por ser um esporte de habilidades abertas, a técnica dos golpes é versátil e varia de acordo com as intenções táticas. A escolha pela execução deve ser circunstancial e conveniente taticamente.

    • A técnica correta compreende controlar a trajetória da bola e para isto, tudo aquilo que o jogador deve executar antes, durante e depois de rebater a bola. Exige conhecimento tático para tomar as decisões corretas e alto grau de destreza para executar os movimentos específicos.

    • Executar os golpes corretamente corresponde a um estágio avançado da coordenação motora especifica da modalidade. Exige anteriormente o aprendizado de uma base coordenativa genérica, atlética e multi-esportiva. No caso do tênis, exige especificamente desenvolver habilidades de recepção e projeção e o vínculo entre as mesmas.

    • O formato de um golpe avançado por ser intencionalmente potente e acelerado deforma a técnica básica que é executada sob controle e devagar. Portanto, seu formato não deveria ser ensinado porque é impossível controlar os movimentos quando são executados rapidamente e não faz sentido ensinar devagar aquilo que somente acontece em função da rapidez.

    • O que deve ser desenvolvido é um “movimento atlético de arremesso”: uma sequencia de movimentos que encadeia o uso das pernas, a rotação do tronco, a extensão do braço (cotovelo / punho) para acelerar a cabeça da raquete. Quando praticado rapidamente, aquilo que acontece com a raquete é difícil e inútil controlar porque é resultado da aceleração. Quando praticado devagar, a raquete não sofrera o efeito da aceleração.

    • Os exercícios dos modelos educativos da técnica básica que são praticados devagar para aprender os golpes na iniciação serão sistematicamente utilizados ao longo da carreira do jogador para reformatar os golpes que se deformam ao jogar com golpes rápidos ou variados.

    • A técnica de execução inclui o controle da trajetória (aquilo que o jogador faz com a bola com finalidade tática), o controle dos sentidos ao rebater (olhar a bola, tocar a bola no centro das cordas, ouvir o som do contato das cordas com a bola, expirar ao rebater) e o controle dos movimentos do corpo e da raquete no tempo e no espaço (episódio do golpe de split step a split step).

    • A abordagem baseada na compreensão do jogo não exclui a importância de desenvolver a técnica correta e completa justamente porque a capacidade de executar padrões táticos de jogo depende do arsenal de golpes necessários que o jogador possui. O jogador limitado tecnicamente que não possuir tal arsenal ficará limitado taticamente sem possuir as respostas necessárias. Seus pontos fracos ficarão expostos e serão certamente explorados assim que percebidos por um jogador perspicaz e capaz.

    • A abordagem baseada na compreensão do jogo não exclui que a técnica deva seguir princípios mecânicos porque deve ser uma expressão individual particular de cada jogador. Apesar de justificar uma padronização mecânica conveniente e convincente que ajuda a resolver grande parte dos problemas (de tempo e distancia) que os tenistas enfrentam ao jogar, parte considerável dos problemas somente podem ser resolvidos em função de habilidades coordenativas e destreza manual. A habilidade de imitar movimentos padronizados e a habilidade de inventar movimentos se complementam. É importante oferecer a liberdade para que o jogador expresse sua interpretação do jogo através de seu estilo pessoal tomando os devidos cuidados para não permitir que sua individualidade criativa venha em detrimento dos princípios universais e lhe seja prejudicial.

    • A abordagem baseada na compreensão do jogo preconiza que os jogadores avançados estejam suficientemente preparados para enfrentar sobre tudo os desafios físicos e mentais - emocionais - e determina que o condicionamento tático e técnico se complementem para que possam executar planos de jogo com competência e convicção.

    • Jogadores em melhores condições físicas e mentais poderão desempenhar melhor suas competências táticas e técnicas. Porém, seria ingênuo não considerar que os jogadores não se encontrem eventualmente na melhor das condições, principalmente no fim de jogos longos e disputados.

    • No tênis não tem reservas. Treinadores precavidos preparam seus jogadores para que justamente nestes momentos decisivos de incerteza e cansaço desempenhem da melhor forma possível: fortalecidos mentalmente, disciplinados taticamente e competentes tecnicamente.

    Conclusões:
    A técnica evolui. Aquela que era correta e aceitável no passado fica obsoleta, é superada e cai em desuso.

    Qual é a técnica correta e que deve ser seguida se varia em função da situação de jogo?

    A dos jogadores avançados que estão em evidência hoje? Qual deles se são todos diferentes?

    Os próprios jogadores avançados ao longo de seus 30 anos de atividade modificam o formato de seus golpes. Como era a técnica no passado? Como será a técnica dos jogadores no futuro? O que é permanente?

    • A "técnica correta” deve ser atemporal em vez de se inspirar em modelos momentâneos.

    • Deve seguir princípios físicos universais e não argumentos biomecânicos que explicam e prescrevem os gestos dos campeões de plantão. Quem escolhe os campeões exemplares e quais são seus gestos escolhidos?

    • Deve ser uma técnica básica e formativa, um molde do qual se cria e se deriva e ao qual se retorna quando se distancia.
    • Deve ser uma técnica educativa e saudável. Um modelo natural, simples de imitar e fácil de executar.
    • Deve ser uma técnica fluida, harmoniosa, ritmada, continua, leve, equilibrada, elegante, sólida, duradoura, segura, confiável, leal.
    • Deve ser uma técnica possível em todas as idades e não particular de uma fase em que se está no auge do potencial atlético e se pode desempenhar com o máximo de potência.
    • Deve ser uma técnica útil que forneça a maior quantidade de recursos para corresponder nas situações mais problemáticas (de tempo e espaço) em que os jogadores se encontram.
    • Que se aproveita da gravidade e da capacidade muscular, que não desgasta nem exige além de aprender.
    • Que relacione e associe boas execuções a bons resultados e a boas sensações. Causa e efeito.
    • Que proporcione satisfação para quem desempenha corretamente e compense o empenho de quem aprende.

    No passado acreditávamos que a técnica era primordial e quem não tivesse boa técnica não conseguiria jogar. Dedicávamos muito tempo do treinamento priorizando o ensino dos golpes corretos. Durante muito tempo seguimos esta tradição. Com o tempo entendemos que executar golpes corretos não desenvolve o controle de bola nem a noção de como jogar para ganhar dos adversários. Os conteúdos e métodos não correspondem à especificidade do jogo. Somente faz com que professores e jogadores virem reféns dos próprios golpes.

    Hoje entendemos que é importante aprender a controlar a bola para poder praticar e jogar imediatamente.

    Novos materiais e métodos de ensino contribuem muito para tornar as aulas mais desafiadoras e divertidas; estimular a liberdade de expressão e provocar o espirito criativo; promover a participação legítima do aluno na construção de seu jogo e do seu aprendizado motor.
    Tudo isto aumenta a confiança de todos aqueles que experimentam porque se sentem respeitados, capazes de ter sucesso e motivados a progredir.

    Hoje entendemos que as habilidades abertas que envolvem percepção, tomada de decisões, conhecimento tático, coordenação e destreza são preponderantes e determinam os conteúdos e métodos de treino.

    As habilidades fechadas não são menos importantes ao complementar o aprendizado aperfeiçoando a qualidade e aumentando a utilidade dos movimentos. Agregam valor.

    É melhor desenvolver jogadores que jogam e progridem melhorando também a qualidade de seus golpes do que ensinar insistentemente os golpes a alunos que não aprendem a jogar.

    Controlar a bola é técnica e coordenar os movimentos também.

    Hoje é mais fácil decidir aquilo que é prioritário.

    Deliberadamente não nos concentramos em abordar assuntos sobre a “técnica”, aquela que explica como se segura a raquete, como se executam os movimentos, onde se impacta a bola…. É importante também e pode ficar para outro período.

    rogerio50

    BONS TREINOS E BONS JOGOS!